terça-feira, 5 de dezembro de 2006

Rompendo barreiras

Semana passada uma revista mostrava as chances cada vez menores de as mulheres se casarem depois de certa idade. O problema, segundo as moças entrevistadas, é que, em sua busca por sucesso profissional, reconhecimento e liberdade, acabavam sendo exigentes demais e deixando as chances de um relacionamento duradouro passar.

Lendo os depoimentos, fiquei pensando como é difícil nos livrarmos de certos padrões, mesmo quando o cenário ao redor já é completamente diferente. As mulheres ainda procuram pelo "bom partido", o homem que assume o papel de provedor, mesmo que elas sejam plenamente capazes de sustentar a família sozinhas. E, em busca desse homem idealizado, acabam deixando de lado relacionamentos que poderiam ser gratificantes, apenas por não corresponderem ao ideal do tempo das nossas avós - que, aliás, sequer sonhavam em chegar aos lugares a que chegamos hoje.

Não é à toa que os homens se queixam de que não entendem as mulheres. Elas exigem liberdade, vão à luta por igualdade, mas, na hora do casamento, continuam aspirando pelo homem provedor, pelo macho tradicional, o bem-sucedido, aquele que paga as contas, que se responsabiliza pela casa e pela família, que trata a mulher como um bibelô (ou, no pior dos casos, como um objeto), não como uma parceira, uma companheira que divide em pé de igualdade as agruras e as alegrias do dia-a-dia, que está ao seu lado apenas em nome de um afeto verdadeiro. Não conseguem vencer os preconceitos sociais para ficar com o homem que desejam, caso ele não se enquadre nesse padrão.

No entanto, embora reclamem desse comportamento contraditório das mulheres, eles também não sabem lidar com aquelas que já conseguiram superar as barreiras sociais e não cobram deles o papel de provedor. Poucos são aqueles que ficam numa boa ao lado de uma mulher independente, que não precisa da segurança e do dinheiro alheio para seguir o seu caminho. No entanto, muitos são os que se dispõem a ficar com mulheres de classe social mais baixa, menos instruídas, menos educadas, mais jovens, menos maduras. Mas 'ai' da mulher que se atrever a fazer o mesmo...

O que não perceberam ainda é a maravilhosa liberdade que há por trás dessa nova posição da mulher na sociedade. Quando não precisamos ficar com alguém em razão de conveniências financeiras ou sociais, podemos manter relacionamentos baseados em sentimentos como amor e afeto. Quando não temos necessidade de corresponder aos comportamentos que esperam de nós, podemos relaxar e aproveitar todo o prazer de dividir a longa jornada da vida com um companheiro leal, sincero, verdadeiro - não importa se rico, pobre, branco, negro, culto, não culto, maduro, imaturo, bem-sucedido ou não...