terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

O complexo de inferioridade nacional

E Tropa de Elite, depois de fazer um sucesso estrondoso nos cinemas brasileiros, ganha o Urso de Ouro no Festival de Berlim. Era de se imaginar que essa conquista seria comemorada com entusiasmo aqui. Certo?

Pois é. O que vi nos jornais e em conversas com amigos foi uma malhação do filme. De repente, Tropa de Elite passou a ser considerado um fime sem importância, fraco, pouco relevante. Ou seja, não merecia ganhar um prêmio tão importante. "Com certeza, havia filmes melhores no festival", foi o que ouvi.

Com base nessa mudança de postura drástica e em episódios semelhantes, só posso concluir uma coisa: nós, brasileiros, sofremos de um complexo de inferioridade crônico. não confiamos em nosso próprio julgamento nem acreditamos ser capazes de criar obras ou obter conquistas reconhecidas internacionalmente. Com exceção dos esportes (se bem que também malhamos nossos vencedores sempre que temos oportunidade), somos os primeiros a empurrar para baixo os compatriotas que conseguem se destacar.

Oras, alguém viu a Sophia Loren fazer careta ao ver que A Vida é Bela ganhara o Oscar de melhor filme estrangeiro, embora todo mundo soubesse que Central do Brasil era um filme muito superior? Mas com certeza haveria brasileiros malhando a obra de Walter Salles se ela tivesse levado a estatueta, da mesma forma como fizeram com Tropa de Elite.

Realmente, enquanto não melhorarmos nossa auto-estima como país, vamos continuar acreditando que merecemos a posição medíocre que ocupamos no cenário mundial e não faremos nada para explorar o potencial e os talentos que temos em abundância. E nos contentaremos em ter governantes ignorantes e corruptos e uma elite provinciana, que acha bonito copiar o que se faz nas ruas de Nova York e Paris, embora a vista das suas janelas seja bem diferente do que se vê na Quinta Avenida e no Champs-Élysées. Aliás, como bem mostram Tropa de Elite e Central do Brasil.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Humildade

Outro dia uma amiga estava reclamando que estava deprimida. Tinha sido demitida do emprego e não estava mais aguentando ficar em casa. Até aí, tudo bem. O único porém é que lhe haviam oferecido um trabalho, mas o salário não compensava sair de casa, segundo ela. E seguia na sua depressão.

Nesse momento, me lembrei de uma outra amiga. Ela também foi demitida, numa dessas movimentações políticas típicas (e injustas) de grandes empresas. Só que, ao contrário, resolveu arregaçar as mangas e ir à luta. Apesar de ter uma condição financeira melhor que a outra amiga, queria se manter ativa e, com humildade, aceitou todos os trabalhos que lhe foram oferecidos, mesmo aqueles que estavam aquém da sua capacidade. Muitos estranhavam que uma pessoa que havia ocupado cargos de gestão aceitasse tarefas de execução, mas ela não se importava. O importante era trabalhar.
O resultado: enquanto a amiga do início continua desempregada e deprimida, reclamando da sorte, a outra recebeu uma boa proposta de trabalho e está feliz, produzindo como nunca.

Claro que é importante que a gente tenha consciência do nosso valor. No entanto, orgulho demais não leva a nada. Que nos confirme alguns dos maiores empresários deste país. Todos eles têm em comum o fato de terem subido cada degrau da escada rumo ao seu sonho, aceitando com humildade as dificuldades e colocando a mão na massa sempre que necessário. Em contraposição, existem várias pessoas que, para manter as aparências e o status, passam as maiores dificuldades porque se recusam a se submeter a tarefas que consideram pouco dignas da sua posição.

Quem é mais feliz? Seguramente, quem corre atrás do seu sonho sem se preocupar com o que os outros vão pensar.