sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Estão matando o português!

Sempre fico encantada quando descubro que algum amigo ou parente escreve corretamente, nem que seja um bilhete de recado - exceto meus amigos jornalistas, claro, para quem isso é obrigação. Parece uma bobagem, mas é muito mais difícil encontrar gente que se preocupa em usar direito o português do que se imagina.

Trabalhei cinco anos no plantão de redação de um dos mais tradicionais cursinhos de São Paulo e quase todo dia saía em estado de choque de lá. A quantidade de textos (se é que se podia chamar assim) mal escritos e ininteligíveis que eu era obrigada a corrigir era assustadora. Não estou falando nem da falta de lógica nos textos, mas dos erros de português. Parecia que a maioria não tinha lido um único livro na vida, nem um gibizinho que fosse, para escrever tanta coisa errada.

Infelizmente, esse não é um problema só de adolescentes. Afinal, eles crescem, e como no Brasil não se valoriza mesmo o português - usamos palavras do inglês para quase tudo agora -, continuam assassinando nosso idioma por toda a vida adulta. Já é piada consagrada a dificuldade dos engenheiros, por exemplo, em escrever qualquer coisa sem milhares de erros gramaticais.

Acho um absurdo que qualquer pessoa saia de uma faculdade, com um diploma nas mãos, e não escreva corretamente. Não importa qual seja a área de atuação, todas as pessoas alfabetizadas deveriam saber usar bem o idioma. Não acho que precisem conhecer palavras difíceis ou construções elaboradas, ou até colocar todas as vírgulas em seus devidos lugares. Mas, pelo menos, deveriam saber que a conjunção adversativa "mas" não se escreve com i, "mais" - e outras coisas simples, como não separar o sujeito do predicado com vírgula.

Antes da popularização da internet, esses erros até apareciam menos, porque a linguagem oral é mais flexível. Mas agora é preciso escrever para se comunicar. Não sou contra as abreviações e os códigos usados em blogs, msn e twitter - eles agilizam muito a comunicação nesses meios. Fico horrorizada quando vejo erros como o "mais" já citado, "excessões", "atráz", "agente", só para citar alguns.

A polêmica causada pela crítica dos internautas à filha de Xuxa só escancarou a avacalhação com a língua portuguesa que acontece por aí. Eu dou um desconto para a Sasha, que só tem 11 anos e "foi alfabetizada em inglês" - realmente, foram duros com a menina. Mas não dou para a mamãe, que, aos 46 anos, sendo uma pessoa pública cujo trabalho é voltado para crianças, deveria cuidar mais da própria linguagem. Assim como as moçoilas que saíram em sua defesa. É só entrar no twitter delas para ver do que estou falando. Escrever errado não é "bonitinho", viu, gente?

A língua é um dos principais pilares de uma cultura. Se tratamos tão mal a nossa, podemos imaginar para onde estamos caminhando...

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Lei antifumo? E por que não antiálcool?

Não sou fumante, não gosto de cigarros, sempre incentivei meus amigos e parentes a parar de fumar, mas acho que a lei antifumo em vigor em Sâo Paulo completamente exagerada. Concordo que os não fumantes têm direito a respirar um ar mais saudável - embora isso seja um pouco utópico numa cidade tão poluída quanto São Paulo -, mas, do jeito como a lei foi aprovada, considero que ela estimula o preconceito e a intolerância, além de não apresentar uma solução que ajude os viciados em nicotina a largar o vício.

Alguém pode me explicar por que não se pode manter fumódromos dentro das empresas para os fumantes? Essas áreas, pelo menos nas empresas em que trabalhei, eram isoladas das áreas comuns e eram frequentadas apenas pelos fumantes - ou por quem não se importava em passar alguns minutos em meio à fumaça. Por que não se pode fumar em áreas totalmente abertas que tenham toldos, quando é permitido a dois passos desses mesmos locais? Que diferença faz para os pulmões alheios? Não vejo lógica nisso. E o direito à escolha dos não fumantes e dos donos dos estabelecimentos?

Acho muito perigosa essa ingerência do Estado nas escolhas individuais de forma tão radical. Claro que é importante proteger os não fumantes, mas é preciso ter sensatez ao fazer as leis. É como a tal da inspeção veicular instaurada em São Paulo. Apenas os carros mais novos têm de passar pela inspeção - mas são justamente esses carros que já saem de fábrica com dispositivos que diminuem a emissão de carbono. Já os carros com mais de 6 anos de fabricação, que expelem muito mais fumaça, seguem tranquilos pelas ruas.

Quanto às mortes provocadas pelo fumo, pergunto: o número é muito maior que o de mortes provocadas pelo álcool? Morrem mais fumantem passivos que pessoas atingidas por motoristas bêbados ou assassinadas por indivíduos alcoolizados? Morre mais gente de doenças relacionadas ao cigarro que de doenças relacionadas ao consumo de álcool? Pesquisas indicam que não. E por que só o fumo está na mira das autoridades? Eu conheço vários fumantes e alcoólatras e posso dizer que, com base no que já vi com meus próprios olhos, acho a situação dos segundos muito, mas muito pior e devastadora que a dos primeiros. E, sinceramente, sempre preferi frequentar lugares com mais fumantes que bêbados. Estes sempre me incomodaram muito mais.

Das duas uma: ou o lobby das companhias de bebida é muito mais eficiente que o da indústria do fumo - não deve ser à toa que as peladonas das cervejarias seguem aí, firmes e fortes no incentivo à bebida e ao tratamento ofensivo às mulheres -, ou falta bom senso mesmo a quem faz as leis neste país. Pensando bem, devem ser as duas coisas. É por essas e outras que o Brasil é famoso por leis que não "pegam". Ou que só servem para alguns.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Não à homofobia

Vou reproduzir aqui o meu último post no blog Sustentável Mundo Novo. O assunto é sério, merece a duplicação.


Tão importante quanto conservar a biodiversidade do planeta é preservar a diversidade da população mundial. Isso significa respeitar tanto os costumes e tradições dos diferentes países e comunidades quanto as particularidades de cada indivíduo em relação a etnia, gênero, cor, orientação sexual, religião e até mesmo filosofia de vida, opinião, pensamento político e aspectos físicos.

Acredito que quanto mais convivemos com pessoas diferentes de nós - e, se pensarmos bem, cada indivíduo é único, portanto sempre diferente -, mais rica é a nossa visão de mundo, mais experiências temos, mais aberta fica a nossa cabeça, mais interessante se torna a nossa vida.

Por isso, apoio a campanha Não à Homofobia, em favor da aprovação do projeto de lei 122/2006, que torna crime a discriminação ou preconceito de gênero ou orientação sexual. Lançada pelo Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT, a campanha está organizando um grande abaixo-assinado que será enviado ao Congresso Nacional e outros órgãos do governo para conseguir a aprovação da lei.

Para participar, basta entrar no site da campanha e assinar o abaixo-assinado. Também é possível enviar uma mensagem para os 81 senadores com sua opinião sobre a lei e convidar seus amigos para a campanha.

Vale a pena também assistir ao comercial da campanha que está sendo veiculado na TV. Achei criativo e muito inteligente.