terça-feira, 16 de setembro de 2008

Livre-arbítrio e aborto

Saem os embriões, entram em cena os anencéfalos. Apesar de os personagens serem outros, para mim a questão fundamental continua a mesma. Do jeito como estão sendo conduzidos os debates promovidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), até parece que a descriminalização do aborto nesses casos obrigaria todas as mães nesse caso a interromperem a gestação.

Depois de ter a anencefalia do feto constatada, uma mulher chamada Mônica decidiu ter a filha, de acordo com a notícia publicada pelo jornal Folha de S. Paulo. Na época, ela poderia ter interrompido a gravidez sob proteção de uma liminar expedida pelo ministro Ministro Marco Aurélio que permitia o aborto sem a necessidade de uma autorização judicial. Segundo suas próprias palavras, durante a gravidez Mônica "não teve esse sofrimento estúpido como se diz por aí", referindo-se ao sofrimento das mulheres que não podem interromper a gravidez.

Veja só que coisa. Essa moça teve seu direito respeitado. Ninguém a obrigou a abortar. Mas ela considera estúpido o sofrimento de quem não sente ou sentiu a mesma coisa que ela. E defende uma lei que obriga mulheres que sentem de modo diferente que ela a manter uma gravidez que as martiriza. E, como ela, outros defensores da restrição ao aborto nesses casos.

De novo, me pergunto: que direito um grupo de pessoas tem de impor sua vontade sobre outras? Cada um que siga a sua consciência. Afinal, só nós mesmos sabemos como lidar com nosso próprio sofrimento.