Finalmente, depois de muito tempo, voltei a sair sem rumo apenas para fotografar. Engraçado como a gente, na correria do dia-a-dia, sempre acaba deixando de lado as coisas que nos fazem mais felizes. Ficamos presos ao que nos chateia, pressiona, fere, em vez de voltar nossa atenção ao que há de mais importante: as coisas simples da vida.
Caminhando pelo centro de São Paulo com uma câmera na mão e uma amiga querida por companhia, tive um tempo raro na minha rotina apenas para deter meu olhar sobre pequenas coisas, muitas escondidas sob massas de informação e feiúra. Um pedaço de céu azul límpido, tão difícil de se ver por aqui; flores extremamente coloridas, espremidas entre as grades de um edifício; o sorriso e o olhar puro de um velho malabarista, que tenta ganhar a vida na dura metrópole; até mesmo as belas formas das estátuas negras das fontes, quase invisíveis para os apressados transeuntes. E, aqui e acolá, preguiçosos e elegantes gatos, de todos os tamanhos e cores, aproveitando as nesgas de sol para lagartear sossegados.
Verdadeira atividade de meditação, fotografar. Através da lente, apenas meu olhar permanecia vigilante, tentando encontrar cenas singelas para revelar com minha câmera. A mente estava completamente vazia. As preocupações,angústias, tristezas, ansiedades, todas haviam desaparecido. Por certo retornariam mais tarde – como de fato retornaram –, mas, nesse momento, me deram um sossego. E, por ver tanta beleza escondida, meu coração se encheu de alegria e satisfação. Voltei para casa com um frio na barriga gostoso, de grande prazer...
É, sou obrigada a discordar de Cazuza. Não são só as mães que são felizes. Os fotógrafos também. Mesmo os amadores, como eu.
Você banaliza a violência? Faça o teste!
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*por Nelmara Arbex*
Observo as crianças indo sozinhas de bicicleta para a escola. Para mim, em
qualquer lugar do mundo, um símbolo de uma sociedade sem...
Há 11 anos