Ronaldinho apareceu depois do jogo em que levamos uma surra - em todos os sentidos - da Argentina dizendo que nós, brasileiros, não estamos preparados para perder. Discordo de nosso ilustre craque. Na verdade, caro Ronaldinho, nós não estamos preparados para ganhar.
A maior parte de nós, brasileiros, tem a triste mania de fazer as coisas nas "coxas". Ou, para ser mais polida, no improviso. Só que medalha de ouro não se ganha no improviso. Ganha quem é extremamente profissional, quem tem muita disciplina, quem se dedica muito ao treinamento, quem está disposto a abrir mão de muitas coisas - e não só da diversão - para treinar, treinar e treinar. Que o diga nosso nadador vencedor César Cielo.
Cielo não foi às Olimpíadas de última hora. Ele se mudou para os EUA há anos para se preparar, e muito bem, para alcançar seu objetivo - a medalha de ouro. E ela veio, em recompensa ao seu esforço, às suas privações, à sua determinação. Só por isso. Simples assim. Ou alguém acha que os atletas de China, EUA, Reino Unido e Rússia, só para citar alguns exemplos, se preparam nas coxas, sem apoio, confiando apenas no seu talento natural?
Talentos nós temos, mas só desabrocham aqueles que, individualmente, investem o máximo em si. Aqueles que contam com famílias dispostas a investir na preparação de seus filhos, já que a política nacional para o esporte é uma piada - na verdade, inexistente. No futebol pode ser que o amadorismo dos cartolas não interfira tanto (do que duvido muito), mas nos demais esportes não tem jeito. Ou há uma intensa preparação, investimentos contínuos, ou não ganharemos nada. Não é à toa que a maioria dos nossos medalhistas olímpicos, com exceção do vôlei, em geral vivem e treinam fora do país - e por conta própria.
O Brasil só vai deixar de ser um país inexpressivo nos esportes se cuidar dessa área com profissionalismo. Essa foi a razão pela qual a Argentina, que também não é nenhuma grande potência esportiva, vai disputar a medalha de ouro no futebol. Porque levou a sério a preparação para as Olimpíadas, da mesma forma como está levando a sério a preparação para a Copa do Mundo. O Brasil? Continua confiando nos talentos individuais, na sorte, no improviso. E isso, infelizmente, acontece em todas as esferas: nos esportes, na política, na economia, na vida corporativa.
É bom ter flexibilidade, ter jogo de cintura para lidar com os imprevistos, mas só improvisar é sinal de falta de profissionalismo, é atuar "nas coxas". O resultado? Derrotas. E não adianta arrumar desculpas. Nós precisamos aprender a vencer.
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