sexta-feira, 18 de junho de 2010

O médico e a princesinha


Há algumas semanas, depois de passar mal durante todo o fim de semana, resolvi ir ao pronto-socorro tentar resolver o problema. Em geral, não faço isso, a não ser em caso de vida ou morte, porque detesto ambiente de hospital e sou meio desconfiada do que um médico que te olha por cinco minutos possa entender da sua doença. Mas, enfim, como além de incômodo no aparelho digestivo, eu tinha uma dor no corpo absurda -e estamos em época de dengue, gripe suína e outras doenças estranhas -, resolvi me arriscar.

Bom, chegando lá, passei pela triagem de praxe e fiquei aguardando o atendimento. Eis que o médico me chama e, ao entrar na sala, me solta esta: "O que você está sentindo, princesinha?" Confesso que meu enjôo, que já era grande, ficou ainda maior. "Princesinha?", era só o que me faltava.

Como o mal-estar era grande, nem tive forças de responder nada, só dizer onde eu sentia dor. O que eu queria era sair o mais rápido possível dali, de preferência melhor do que entrei. Mas fiquei encafifada. Por que raios um cara que eu nunca vi na vida me trataria com tal intimidade? Será que é porque sou baixinha e pequena? Mas eu não tenho cara de adolescente, apesar de parecer mais nova do que sou. Ou porque eu estava fragilizada? Enfermeiras têm mania de tratar os pacientes como bebês, mas ainda não tinha me deparado com um médico com esse espírito - nem o pediatra da minha filha de 8 anos a trata assim.

E a consulta inteira foi assim - "Princesinha, vou pedir uns exames para checar se está tudo bem". "Princesinha, vou receitar uma medicação para você ficar bem logo". "Você vai sarar logo, viu, Princesinha?". Eca! Justo comigo, que, de personalidade, estou mais para Fiona, do Shrek, do que para Branca de Neve ou Cinderela.

Acho que, da próxima vez que eu me sentir mal, se não for um princípio de infarte, AVC ou um traumatismo em qualquer osso, vou ficar em casa mesmo, na base do chazinho. Afinal, depois de todo essa "meiguice", o diagnóstico foi: virose! Ou seja, algo que não tem cura e que temos que esperar passar. Pronto-socorro, estou fora!