Como disse meu grande amigo Renato Modernell em seu livro "Sonata da Última Cidade" - que recomendo muito, aliás - a cidade muda mais rápido que as pessoas. Ele se referia a São Paulo, mas acho que isso vale para o mundo. Tudo aqui muda mais rápido que as pessoas. E elas sofrem, porque estão sempre tentando se adaptar às mudanças e sempre atrasadas em relação a elas.
Os afortunados que conseguem estar à frente talvez sofram ainda mais, porque é mais difícil ser diferente e livre. E quebrar as barreiras, tão solidamente levantadas e defendidas pela maioria.
No caso dos relacionamentos, isso é pior ainda. Porque, além das barreiras sociais, existem as dificuldades inerentes aos seres humanos e as diferenças que, sim, existem entre homens e mulheres.
Veja só: as mulheres queimaram sutiãs, saíram às ruas pedindo igualdade, mas a maioria continua querendo a mesma coisa que suas mães e avós. Claro que estou generalizando, mas no fundo é isso mesmo. Poucas são aquelas que realmente conseguem lidar bem com a independência e com o fato de não ter mais um provedor em casa. Lidam, mas não bem. E cobram, controlam, exigem... Podem cobrar até de um jeito diferente, mas as atitudes são as mesmas.
O problema talvez seja que os homens, embora tenham mudado e estejam mudando, ainda estão num ritmo mais lento. O que percebo é que aquelas que já passaram dessa fase têm dificuldades de encontrar parceiros da sua geração que também consigam lidar com a independência feminina. Os homens ainda se assustam com aquelas mulheres que não dependem deles, mas estão do seu lado apenas pelo prazer. E correm de volta para as manipuladoras, as vítimas, as ciumentas, as controladoras, as submissas, as dependentes.
Estou sendo radical? Talvez. Mas o objetivo é fazer pensar...