quarta-feira, 21 de junho de 2006

Complicado

Gostaria de ser capaz de aliviar a dor dos outros, de todos os outros. Gostaria de nunca ser responsável pela dor de alguém, de nunca fazer sofrer... Pena que é impossível, mesmo com muito esforço. Por mais que eu tente, vou deixando no caminho algumas feridas em gente de quem gosto muito, gosto pouco, gosto nada. Mesmo a esses não queria causar sofrimento. Queria que recebessem de mim só carinho, atenção, respeito, consideração, como todos os meus amigos e amados. Mas se aos amigos e amados não consigo poupar sofrimentos... O que me resta é pedir perdão, pela dor que causei, pelo amor que não pude dar, pelo espaço que não ocupei, pela atenção que não pude oferecer... Ou pelo excesso de zelo que às vezes invade, sufoca, incomoda, e o qual muitas vezes não consigo conter. Perdão, amigos, amados, pessoas...

domingo, 11 de junho de 2006

Correndo para quê, mesmo?

Tenho a sensação de ter passado quase toda a minha vida correndo. De casa para o traballho, do trabalho para casa, ou para a faculdade, para a academia, para o supermercado, para a escola da filha. Quase não sobrava tempo para ficar de verdade com a minha pequena, para ligar e ver os amigos, para namorar, para só olhar para o céu e admirar a lua. E para que tudo isso mesmo? Para ter uma carreira brilhante, dinheiro no banco, sucesso? Tudo bem, ter dinheiro é importante para garantir a satisfação das necessidades de conforto e segurança, é importante ser bom no trabalho, mas será que continuar a correr depois que se consegue isso é tão necessário? Não sei, não sei mesmo. Agora, que estou trabalhando por minha conta, percebo a falta que algumas coisas me faziam. Estar mais em casa, ver mais minha filha, conviver mais com minhas gatas, falar mais com meus amigos... Olho pra mimha filha e me pergunto: será que é essa vida que quero que ela tenha?

quarta-feira, 7 de junho de 2006

Mudanças complicadas

Como disse meu grande amigo Renato Modernell em seu livro "Sonata da Última Cidade" - que recomendo muito, aliás - a cidade muda mais rápido que as pessoas. Ele se referia a São Paulo, mas acho que isso vale para o mundo. Tudo aqui muda mais rápido que as pessoas. E elas sofrem, porque estão sempre tentando se adaptar às mudanças e sempre atrasadas em relação a elas.

Os afortunados que conseguem estar à frente talvez sofram ainda mais, porque é mais difícil ser diferente e livre. E quebrar as barreiras, tão solidamente levantadas e defendidas pela maioria.

No caso dos relacionamentos, isso é pior ainda. Porque, além das barreiras sociais, existem as dificuldades inerentes aos seres humanos e as diferenças que, sim, existem entre homens e mulheres.

Veja só: as mulheres queimaram sutiãs, saíram às ruas pedindo igualdade, mas a maioria continua querendo a mesma coisa que suas mães e avós. Claro que estou generalizando, mas no fundo é isso mesmo. Poucas são aquelas que realmente conseguem lidar bem com a independência e com o fato de não ter mais um provedor em casa. Lidam, mas não bem. E cobram, controlam, exigem... Podem cobrar até de um jeito diferente, mas as atitudes são as mesmas.

O problema talvez seja que os homens, embora tenham mudado e estejam mudando, ainda estão num ritmo mais lento. O que percebo é que aquelas que já passaram dessa fase têm dificuldades de encontrar parceiros da sua geração que também consigam lidar com a independência feminina. Os homens ainda se assustam com aquelas mulheres que não dependem deles, mas estão do seu lado apenas pelo prazer. E correm de volta para as manipuladoras, as vítimas, as ciumentas, as controladoras, as submissas, as dependentes.

Estou sendo radical? Talvez. Mas o objetivo é fazer pensar...

Vai entender

Todo mundo sonha em ser feliz e ter amor. Mas quando chegamos perto desses dois sentimentos, quantos de nós saem correndo, por puro medo? Quantos de nós se fecham para não sofrer, não se apegar, mas no fim ficam solitários? Parece tão óbvio, mas para sermos felizes temos que nos arriscar. Para amar, temos que nos arriscar a não ser correspondidos, a perder a pessoa amada, a não realizar nossos sonhos. O que é pior? Eu acho que é não tentar. Melhor sofrer, quantas vezes forem necessárias, do que ficar protegida atrás dos meus medos. Porque isso é viver.