Outro dia fui à casa de um amigo para um almoço de confraternização. Domingo de sol, casa cheia, almoço bom. Lá pelas tantas, como costuma acontecer nas reuniões desse tipo, os homens foram para um lado, jogar truco, e as mulheres ficaram à mesa, conversando.
O papo logo passou para o tema maridos. E logo descambou para uma série de lamentações e reclamações sobre o mau comportamento dos companheiros. Praticamente todas -- estávamos em oito à mesa -- falaram mal dos próprios maridos, taxados de mimados, folgados, machistas e outras coisinhas mais. A principal queixa era de que eles não faziam nada em casa, não ajudavam a tomar conta dos filhos, pediam tudo para as mulheres, enfim, eram uns inúteis.
Uma delas, que disse fazer tudo para o marido, inclusive levantar às 3 da manhã para servir um lanchinho para o dito cujo, quase foi crucificada pelas outras. Aí, todas as reclamantes disseram que, caso se separasem, não se casariam de novo, para não ter mais que ficar cuidando de homens folgados. O detalhe é que a maioria delas ou não trabalha, ou tem um emprego que não garante seu sustento sozinha.
Fiquei pensando com os meus botões que realmente os homens têm razão em dizer que não entendem as mulheres. Elas fazem de tudo para casar -- algumas até dão golpes baixos para amarrar o namorado -- e, quando conseguem, passam o tempo a reclamar dos maridos. E na frente de todo mundo! Porque fazer um desabafo com uma amiga é uma coisa, falar mal do marido para gente que mal conhece é outra bem diferente. E essa não é a primeira vez que vejo isso acontecer.
Bom, nesse ponto da conversa os olhos se voltaram para mim, a maluca que teve coragem de se casar de novo depois de já ter conseguido se livrar de um marido --como se isso fosse uma doença. Eu preferia ter permanecido em silêncio, como estava até então, mas elas esperavam um pronunciamento. Só pude dizer o que eu realmente acho: que sempre gostei de estar casada, que meu marido é ótimo e que me casaria 20 vezes, se necessário fosse, para encontrar o parceiro com quem ficar até o fim da vida.
Diante dos olhos arregalados das moças à mesa, achei melhor ir para a roda dos homens. Não entendi nada do jogo que estava rolando, mas que a conversa estava muito mais divertida ali, estava. Truco!
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*por Nelmara Arbex*
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