domingo, 19 de abril de 2009

Amor de mãe

Nunca acreditei nessa história de amor à primeira vista. Acho que existe paixão à primeira vista, tesão à primeira vista, atração à primeira vista, simpatia à primeira vista. Amor é muito mais profundo e complexo e, na minha opinião, depende de você conhecer o objeto amado.

Por isso mesmo, nunca acreditei também que toda mãe ame seu filho desde o momento do nascimento. Bom, depois de ser mãe, tenho certeza disso. Temos mania de idealizar as coisas e a maternidade é um prato cheio para isso. Acho que, quando um filho nasce, ficamos felizes pela realização de um desejo (ser mãe) e cuidamos dele com todo o empenho pela responsabilidade que temos por ter colocado um novo ser neste mundo -- além, é claro, por causa dos nossos instintos biológicos. Mas o amor mesmo vai surgindo aos poucos, dia a dia, com cada sorriso, com a convivência entre mãe e filho.

Agora que minha filha tem sete anos, posso dizer, sem exagero, que o amor que sinto por ela é infinitamente maior do que quando ela nasceu. Ver minha pequena crescendo, passando por cada etapa da vida do seu jeito particular, escutando suas observações tão engraçadas sobre as coisas do cotidiano, acompanhando o jeito que ela escolhe para dar conta dos problemas e questões do dia a dia, é que me faz ficar cada vez mais apaixonada por ela.

E ela sempre me surpreende. Nesta semana, eu estava muito irritada por causa de alguns problemas domésticos que resolveram estourar ao mesmo tempo. Cheguei em casa à noite prestes a explodir e, ao ter mais um pepino para cuidar, não aguentei: tive uma crise de choro. De raiva pura. Minha pequena sempre me vê chorar -- ela sabe que a mãe chora por qualquer coisa, até de alegria e felicidade. E acho bom que seja assim, porque nunca me esqueço do pavor que senti quando vi minha mãe chorar pela primeira vez, aos 15 anos de idade -- achei que o mundo estava acabando.

Como meu choro poderia ter qualquer razão, ela me perguntou por que eu estava chorando. Contei que era de raiva por causa de todos os problemas. Ela, então, me disse: "Mami, abraça esta boneca. Toda vez que choro, eu abraço ela e logo tudo passa e eu fico bem de novo." Não tive como dizer não e peguei a boneca. E não é que a raiva e o choro foram embora rapidinho? Ela tinha toda a razão. É ou não é para me apaixonar por ela cada dia mais?

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