Acabei de ler uma matéria muito interessante na revista Nova Escola. Chama-se Vale mais que um trocado e trata de uma experiência que o jornalista Rodrigo Ratier fez pelas ruas de São Paulo. Ele saiu com uma caixa de livros no carro e oferecia um exemplar a todos que o abordassem pedindo dinheiro nos cruzamentos. Nos 13 oferecimentos que fez, o jornalista não ouviu sequer uma recusa. Vale ler a matéria para ver como as pessoas reagiram ao receber um livro. Eu me emocionei.
Anos atrás, tive uma experiência semelhante com um grupo de catadores de papel. Numa época em que a palavra sustentabilidade nem havia sido inventada, quanto mais virado moda, meu ex-marido e eu separávamos todo nosso lixo e rodávamos o centro da cidade para entregar os materiais recicláveis aos catadores que se interessassem. Na nossa opinião, era a única forma de garantir que esses materiais tivessem uma destinação correta, depois de flagarmos um caminhão da prefeitura misturando tudo o que tinha sido colocado num contêiner de separação de lixo reciclável.
Numa dessas vezes, tínhamos vários livros entre os papéis para descartar. Na minha cabeça, esses livros iam ser vendidos como os demais tipos de papel. Qual não foi minha surpresa ao ouvir do catador a seguinte frase: "Oba, hoje vou poder ler uma história antes de dormir". E logo passou a folhear o livro que caiu em suas mãos.
Na minha ignorância, eu achava que esses homens e mulheres eram todos analfabetos ou que não tinham o mínimo interesse em ler. Que engano. Para minha alegria, eles dividiam comigo o fascínio pelos livros e pelas histórias maravilhosas que eles trazem. Gostei de saber hoje, com essa matéria, que há muito mais gente como os catadores e eu ainda por aí.
Você banaliza a violência? Faça o teste!
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*por Nelmara Arbex*
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Há 11 anos
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