Semana passada foi lançado o livro "Confissões de Mãe", da Maria Mariana, aquela de Confissões de Adolescente. Entre outras pérolas, a moça diz que o casamento e a maternidade são a única forma de obter a felicidade verdadeira, que só têm filho por parto normal as mulheres que "merecem" e que as mulheres que têm dificuldades para amamentar o bebê não estão dando "o devido valor a seu lugar de mãe".
Confesso, ler essas afirmações tão categóricas me deu raiva. Por princípio, detesto gente que se acredita dono da verdade e se acha no direito de ditar regras para a felicidade alheia. Para mim, é de uma pobreza de espírito sem tamanho achar que as coisas ou são brancas ou são negras. Há inúmeros matizes de cinza por aí se a gente realmente abrir os olhos e passar a enxergar o mundo sob uma perspectiva mais ampla, não a partir do nosso próprio umbigo.
Da mesma forma como não existem duas pessoas iguais no mundo, não há uma única forma correta de fazer as coisas ou de ser feliz. Ninguém tem que se casar para ser feliz, ninguém tem que ser mãe para ser feliz. Ninguém tem que passar por um parto normal ou amamentar para ser uma boa mãe.
Ficar estabelecendo regras para esse tipo de coisa só serve para piorar a vida de quem, por diferentes motivos, não consegue corresponder a esses padrões. É tão nocivo quanto seguir à risca os padrões de beleza em voga hoje. Eu, por exemplo, me preparei durante a gravidez toda para amamentar. Só que, quando minha filha nasceu, ela não pegou o peito. E, com certeza, não foi porque eu não tinha dado o devido valor ao meu papel de mãe. Ao contrário. Fiz tudo o que estava ao meu alcance - contratei enfermeiras, fiz exercícios, li livros --, mas ela realmente não queria mamar no peito. Segundo meus médicos, isso acontece com uma porcentagem das crianças e não tem nada a ver com incapacidade da mãe.
Mas, por conta dos padrões, tive uma depressão pós-parto séria porque me sentia uma péssima mãe por não conseguir amamentar. Achava que ela ia ficar doente porque não tinha anticorpos suficientes, que não ia estabelecer um vínculo próximo comigo e outras coisinhas mais. Foi somente quando um amigo me chamou a atenção para o tempo que eu estava perdendo tentando fazer minha filha mamar no peito em vez de curtir a maternidade que me caiu a ficha. A única coisa que eu tinha de fazer era estar com ela da melhor forma possível para nós duas. E isso não incluía a amamentação.
Hoje, ela é uma criança extremamente saudável -- muito mais que vários coleguinhas amamentados no peito por longos períodos -- e muito ligada a mim, apesar de sempre ter havido uma mamadeira entre nós. E quantas mães vemos por aí que pouco ligam para seus filhos, apesar de tê-los parido de parto normal e amamentado-os ao peito? Quanta gente casada e com filhos é infeliz?
Por isso, abaixo as fórmulas prontas e os "tem que". Cada um deve encontrar o seu jeito de ser feliz, casado ou não, com filhos ou não. A única coisa que "temos que" é viver da forma que for melhor para nós, de acordo com nossos valores, respeitando o jeito de viver dos demais. O resto é pura bobagem, palavras vazias.
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