Não sou fumante, não gosto de cigarros, sempre incentivei meus amigos e parentes a parar de fumar, mas acho que a lei antifumo em vigor em Sâo Paulo completamente exagerada. Concordo que os não fumantes têm direito a respirar um ar mais saudável - embora isso seja um pouco utópico numa cidade tão poluída quanto São Paulo -, mas, do jeito como a lei foi aprovada, considero que ela estimula o preconceito e a intolerância, além de não apresentar uma solução que ajude os viciados em nicotina a largar o vício.
Alguém pode me explicar por que não se pode manter fumódromos dentro das empresas para os fumantes? Essas áreas, pelo menos nas empresas em que trabalhei, eram isoladas das áreas comuns e eram frequentadas apenas pelos fumantes - ou por quem não se importava em passar alguns minutos em meio à fumaça. Por que não se pode fumar em áreas totalmente abertas que tenham toldos, quando é permitido a dois passos desses mesmos locais? Que diferença faz para os pulmões alheios? Não vejo lógica nisso. E o direito à escolha dos não fumantes e dos donos dos estabelecimentos?
Acho muito perigosa essa ingerência do Estado nas escolhas individuais de forma tão radical. Claro que é importante proteger os não fumantes, mas é preciso ter sensatez ao fazer as leis. É como a tal da inspeção veicular instaurada em São Paulo. Apenas os carros mais novos têm de passar pela inspeção - mas são justamente esses carros que já saem de fábrica com dispositivos que diminuem a emissão de carbono. Já os carros com mais de 6 anos de fabricação, que expelem muito mais fumaça, seguem tranquilos pelas ruas.
Quanto às mortes provocadas pelo fumo, pergunto: o número é muito maior que o de mortes provocadas pelo álcool? Morrem mais fumantem passivos que pessoas atingidas por motoristas bêbados ou assassinadas por indivíduos alcoolizados? Morre mais gente de doenças relacionadas ao cigarro que de doenças relacionadas ao consumo de álcool? Pesquisas indicam que não. E por que só o fumo está na mira das autoridades? Eu conheço vários fumantes e alcoólatras e posso dizer que, com base no que já vi com meus próprios olhos, acho a situação dos segundos muito, mas muito pior e devastadora que a dos primeiros. E, sinceramente, sempre preferi frequentar lugares com mais fumantes que bêbados. Estes sempre me incomodaram muito mais.
Das duas uma: ou o lobby das companhias de bebida é muito mais eficiente que o da indústria do fumo - não deve ser à toa que as peladonas das cervejarias seguem aí, firmes e fortes no incentivo à bebida e ao tratamento ofensivo às mulheres -, ou falta bom senso mesmo a quem faz as leis neste país. Pensando bem, devem ser as duas coisas. É por essas e outras que o Brasil é famoso por leis que não "pegam". Ou que só servem para alguns.
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