Sempre fico encantada quando descubro que algum amigo ou parente escreve corretamente, nem que seja um bilhete de recado - exceto meus amigos jornalistas, claro, para quem isso é obrigação. Parece uma bobagem, mas é muito mais difícil encontrar gente que se preocupa em usar direito o português do que se imagina.
Trabalhei cinco anos no plantão de redação de um dos mais tradicionais cursinhos de São Paulo e quase todo dia saía em estado de choque de lá. A quantidade de textos (se é que se podia chamar assim) mal escritos e ininteligíveis que eu era obrigada a corrigir era assustadora. Não estou falando nem da falta de lógica nos textos, mas dos erros de português. Parecia que a maioria não tinha lido um único livro na vida, nem um gibizinho que fosse, para escrever tanta coisa errada.
Infelizmente, esse não é um problema só de adolescentes. Afinal, eles crescem, e como no Brasil não se valoriza mesmo o português - usamos palavras do inglês para quase tudo agora -, continuam assassinando nosso idioma por toda a vida adulta. Já é piada consagrada a dificuldade dos engenheiros, por exemplo, em escrever qualquer coisa sem milhares de erros gramaticais.
Acho um absurdo que qualquer pessoa saia de uma faculdade, com um diploma nas mãos, e não escreva corretamente. Não importa qual seja a área de atuação, todas as pessoas alfabetizadas deveriam saber usar bem o idioma. Não acho que precisem conhecer palavras difíceis ou construções elaboradas, ou até colocar todas as vírgulas em seus devidos lugares. Mas, pelo menos, deveriam saber que a conjunção adversativa "mas" não se escreve com i, "mais" - e outras coisas simples, como não separar o sujeito do predicado com vírgula.
Antes da popularização da internet, esses erros até apareciam menos, porque a linguagem oral é mais flexível. Mas agora é preciso escrever para se comunicar. Não sou contra as abreviações e os códigos usados em blogs, msn e twitter - eles agilizam muito a comunicação nesses meios. Fico horrorizada quando vejo erros como o "mais" já citado, "excessões", "atráz", "agente", só para citar alguns.
A polêmica causada pela crítica dos internautas à filha de Xuxa só escancarou a avacalhação com a língua portuguesa que acontece por aí. Eu dou um desconto para a Sasha, que só tem 11 anos e "foi alfabetizada em inglês" - realmente, foram duros com a menina. Mas não dou para a mamãe, que, aos 46 anos, sendo uma pessoa pública cujo trabalho é voltado para crianças, deveria cuidar mais da própria linguagem. Assim como as moçoilas que saíram em sua defesa. É só entrar no twitter delas para ver do que estou falando. Escrever errado não é "bonitinho", viu, gente?
A língua é um dos principais pilares de uma cultura. Se tratamos tão mal a nossa, podemos imaginar para onde estamos caminhando...
ELETRICIDADE X ETANOL: Qual a melhor opção para uma mobilidade sustentável?
-
Alguns acontecimentos deste mês me fizeram escolher o tema desse post: a
transição energética na área da mobilidade. Um deles foi o escândalo de
corru...
Há um ano
3 comentários:
Ah, Carmen, eu não dou desconto pra Sasha não. E achei a justificativa da Xuxa pior do que o erro de português da filha. Mas sim, a nova geração tá matando o português mesmo. De uma forma XxUupeRr FoFfuXxaA.
Sou professora e vejo que cada dia fica mais difícil a tarefa de preparar o jovem para o mercado de trabalho, pois o cuidado com a fala e com a escrita são essenciais para uma boa carreira.
Parabéns pelo comentário.
Silvia
Estão matando tudo principalmente as pessoas, ninguém liga para os perigos do dia a dia...e vão dar bola para palavras...
Postar um comentário