terça-feira, 25 de julho de 2006

Vivendo o presente

"Viva o presente". Não existe frase mais batida que essa, porém quanta dificuldade em colocá-la em prática. Quanto tempo perdemos sofrendo com coisas que aconteceram no passado ou com o que pode acontecer no futuro, e deixamos o presente escapar por entre nossos dedos.

Não podemos modificar o passado. O que passou, passou. No máximo, podemos refletir sobre ele e tentar, agora, viver de forma melhor, mais produtiva. O futuro não existe. Está apenas dentro da nossa imaginação. Claro, podemos e devemos fazer planos, mas não ficar escravos dele. Não viver histórias e fantasias que não aconteceram (e, que, na maioria das vezes, não vão mesmo se realizar). Não viver de acordo com o que achamos que o outro vai fazer, com o que pode acontecer.

A vida acontece hoje, agora, no presente, e é disso que não podemos nos descuidar. Porque, enquanto ficamos preocupados com o passado ou com o futuro, o tempo vai passando, implacável. E deixamos de aproveitar as belezas e as coisas boas que se apresentam diante dos nossos olhos todos os dias. Deixamos de tratar as pessoas com consideração, com o cuidado que elas merecem. E o que passa não tem mais volta.

Tudo o que escrevi aqui é um amontoado de obviedades? Sim, com certeza é. Porém, as coisas mais óbvias e banais parecem ser as mais difíceis de entender e praticar. Por isso tanta procura por livros de auto-ajuda. Mas isso já é tema para um outro texto. Quem sabe...

domingo, 23 de julho de 2006

À vontade no mundo

Minha amada amiga The tem uma frase para definir um tipo de pessoa que acho sensacional: gente que está à vontade no mundo. E o que significa isso, exatamente?

Uma pessoa à vontade no mundo segue seu caminho de acordo com suas próprias convicções. Não dá importância demais à opinião alheia, é natural nos seus relacionamentos com os outros e com a vida, não fica procurando problemas onde não há, resolve os que aparecem de fato, expressa suas opiniões livremente, faz o que acha correto, não o que se espera dela, não segue modismos nem receitas de comportamento. Assume as responsabilidades por suas escolhas. Vive simplesmente o que tem de viver, de peito aberto. Por isso, rompe barreiras, enxerga além do que a maioria, promove mudanças ao seu redor.

Claro, também existe o outro lado da moeda. Como é diferente, é objeto de admiração e inveja. Admiração por parte de quem consegue entender a maravilha que é viver com liberdade, inveja por parte de quem não consegue se libertar das suas próprias amarras e prefere culpar o outro por sua mediocridade. Por isso, a pessoa que está à vontade no mundo não raro é alvo de ataques pelo simples fato de ser o que é.

Que bom seria se todos pudessem se sentir assim, à vontade no mundo. Que bom se todos assumissem a responsabilidade pela sua própria vida e fossem livres, sem se preocupar com o que o outro faz ou deixa de fazer. Com certeza, a vida seria mais simples. Menos tempo se perderia com bobagens, infantilidades e irrelevâncias e mais tempo se teria para cuidar das coisas que realmente importam.

domingo, 16 de julho de 2006

Acreditar em si

Hoje, a preocupação dos pais com o futuro profissional de seus filhos começa já na hora de colocá-los no jardim de infância. A grande questão é escolher uma boa escola (mesmo que seja uma creche) em que a criança vai aprender coisas que a colocarão na frente na competição por um bom emprego daqui a 15, 20 anos. E esse princípio continua norteando as etapas seguintes da sua vida.

Mas será que só isso faz a diferença? Não. Claro que ter uma boa formação é muito importante para o sucesso. No entanto, há milhares de exemplos que comprovam que o que faz diferença é a auto-confiança. Se a pessoa aprende a confiar em si mesma, ela corre atrás do prejuízo em termos de educação formal, cultura. Mas, sem auto-confiança, mesmo que tenha recebido a melhor educação do mundo, dinheiro, contatos, fica muito difícil lutar pela realização dos seus sonhos. Quantas pessoas conheço que tiveram todas as oportunidades do mundo e hoje estão estagnadas, infelizes com o que fazem, e se sentem incapazes de mudar essa situação...

E, por outro lado, quantas pessoas tive a satisfação de encontrar nessa vida que, sem essas mesmas oportunidades, tendo que lutar contra inúmeras dificuldades, conseguem caminhar e concretizar suas aspirações, seus sonhos. É fácil identificar essas pessoas. Elas carregam um brilho diferente nos olhos (e o mantêm contra todas as adversidades) e, com um mínimo de incentivo – seja ele dos pais, dos professores, dos chefes, dos amigos –, vão além de todas as limitações. Fazem, realizam, movem o mundo.

Por isso, o maior bem que podemos fazer por alguém é alimentar a chama da sua auto-confiança. Mostrar que acreditamos no seu potencial, na sua capacidade de realizar, na sua habilidade de transformar seus sonhos em realidade. Porque isso é o que, de fato, nos torna especiais e aptos a viver a vida em toda a sua plenitude.

sábado, 15 de julho de 2006

Apatia

O que está acontecendo com as pessoas? Que letargia é essa que toma conta de nós? O que faz com que demos importância a coisas fúteis e deixemos de nos manifestar sobre os temas que realmente são importantes?

Durante a Copa do Mundo, nós pintamos o chão de verde e amarelo, colocamos bandeiras nos carros, paramos de trabalhar para ver os jogos da seleção brasileira. O país se mobiliza inteiro para torcer pelo Brasil. Agora, quando bandidos nos impedem de ir ao trabalho, nos fazem ficar dentro de casa com medo, matam policiais, em mostra de desafio e de pouco caso com as autoridades e a população, não fazemos nada. Não saímos às ruas em protesto contra a falta de pulso do governo, as deficiências da Justiça, a corrupção que come solta nas mais altas esferas do poder e alimenta esse ciclo perverso de violência e impunidade.

Não podemos nos calar diante desse absurdo. Não podemos nos acostumar com o fato de que quem rouba, quem trafica e quem mata tem mais liberdade de ir e vir que nós, cidadãos comuns, que procuramos seguir as regras básicas da civilidade. Não podemos nos incomodar só quando o crime bate à porta de nossas casas. Vivemos em comunidade, o bem comum tem que prevalecer sobre os nossos interesses particulares.

Porque hoje os vidros blindados e as grades de nossas casas podem parecer suficientes, mas amanhã não serão mais. Se não nos indignarmos, se não nos preocuparmos, se não cobrarmos agora, é provável que em um espaço curto de tempo não tenhamos mais condições de sair às ruas, que o país esteja dominado pelo crime e pela barbárie. Então, estaremos perdidos, e nossa voz já não terá importância nenhuma. Será tarde demais.

quarta-feira, 12 de julho de 2006

Um computador entre nós

Uma das grandes mudanças que a internet trouxe para nossas vidas foi o estabelecimento de relações virtuais, ou seja, intermediadas pelo computador. Hoje em dia usamos mais email, messenger, orkut e outros meios de comunicação via computador que o próprio telefone. Até com o celular muitas vezes preferimos mandar mensagens de texto do que falar ao vivo.

Por que isso acontece? Por que preferimos deixar os contatos mais pessoais de lado e colocamos tudo na rede? Provavelmente porque é mais fácil colocar as inibições de lado ou fingir coisas que não sentimos quando não há possibilidade de ver os olhos ou ouvir a voz do nosso interlocutor. O olhar e a voz traem sentimentos que o texto consegue esconder completamente. Ou seja, a internet nos oferece uma proteção contra nossos sentimentos verdadeiros que as relações olho-no-olho não permitem. Nem à pessoa mais falsa e mentirosa do mundo.

O orkut é um caso extremo. Não só há um computador entre as pessoas, mas também a possibilidade de tornar públicas coisas que deveriam ser particulares. Parece que os casais e os amigos preferem escrever ali tudo o que sentem, até detalhes íntimos, do que simplesmente ligar ou falar pessoalmente o que sentem. Será que precisam do aval público para tornar reais ou provar seus sentimentos? Será que dividir apenas com o amigo ou o amado não é suficiente para que a relação se sustente? Será que falta coragem para olhar nos olhos das pessoas de quem gostamos e simplesmente dizer o que achamos? Ou será que ali, naquele meio virtual, tudo o que se diz é menos real e menos comprometedor do que o que falamos cara a cara, por isso podemos ser piegas, sentimentais, ter atitudes que nos censuram na vida real?

Bom, o melhor seria escrever e dizer ao vivo, todos os dias, em todas as ocasiões, como as pessoas que amamos são importantes para nós. E mostrar cotidianamente por atitudes, por gestos, por olhares. Porque esses falam mais alto ao coração. E são, de fato, mais reais e verdadeiros.

segunda-feira, 10 de julho de 2006

Quando o amor acaba

Na hora do sim, tudo é lindo e maravilhoso. Todo mundo feliz, sorridente, acreditando que o casamento vai durar para sempre. Só que nem sempre ele dura. E se, nesse processo, o amor se transforma em ressentimento... O que era lindo vira um verdadeiro pesadelo.

Escândalos, chantagens com os filhos, brigas por dinheiro, humilhações públicas ou privadas: baixarias dos mais diversos tipos fazem parte de boa parte das separações. Não sei como os advogados têm estômago para agüentar tanta coisa ruim. Esperando a homologação da minha separação (que foi tranqüila, apesar da dor que envolve esses casos, inevitavelmente), presenciei cenas lamentáveis. Fora as histórias dos amigos, que parecem saídas de novelas.

Eu gostaria de entender porque as pessoas esquecem tudo de bom que viveram juntas e passam a se concentrar nas coisas ruins. Afinal, uma separação, por si só, já é dolorosa. É o fim de um sonho, sempre, por mais amigável que seja. Ninguém casa com prazo de validade, acredito eu. Sempre acreditamos no sonho de formar uma família, ter um companheiro leal até o final da vida (e lealdade não é sinônimo de fidelidade, que fique claro).

Melhor deixar as coisas ruins no passado, enterradas, para evitar sofrimento maior. Dos filhos, em geral os maiores prejudicados, e de nós mesmos. Afinal, como poderemos construir uma nova vida com outra pessoa se vivermos presos em um passado ruim, remoendo infelicidade, dor, rejeição, traição. Além disso, é preciso lembrar que, em algum momento, essa pessoa foi amada por nós, vimos nela qualidades que nos levaram a uma paixão. Então, fiquemos com essas lembranças boas, com o que de melhor recebemos. Nós também cometemos erros, também pisamos na bola, também causamos sofrimento.

Ou seja, o melhor é ficar mesmo no 0 x 0, porque, nesse jogo, quem vence invariavelmente deixa atrás de si um rastro de dor ainda maior que aquela causada pelo simples fato de constatar que o sonho acabou.

Questão de liderança

Muito se falou a respeito da desmotivação dos jogadores da seleção brasileira. No entanto, a questão principal, além da falta de humildade, foi a falta de um verdadeiro líder. Aliás, um bom líder poderia ter colocado nossa seleção, senão no caminho da vitória, pelo menos em condição de sair com dignidade da Copa.

Esse papel não foi exercido nem pelo técnico – figura importantíssima – nem pelo capitão da equipe. Que falta de visão. Sem alguém que puxe a equipe, que motive, que coloque cada um em seu lugar, que dê bronca quando necessário, que elogie sempre que for o caso, a equipe não se desenvolve. Isso nos gramados e em qualquer lugar.

Mas pouca gente dá a importância devida ao papel do líder. Os tolos acham que cada um tem que fazer a sua parte, e só. Nada disso. A vitória (ou a derrota digna) depende dos líderes. Uma equipe mediana pode dar certo se tiver um comandante que saiba tirar o melhor de cada um, que saiba motivar e estimular os liderados a darem o melhor de si. Já talentos mal administrados podem sair como derrotados sem alguém que os conduza com consciência rumo a um objetivo comum. Nossa seleção que o diga!

quarta-feira, 5 de julho de 2006

Anjos existem

Em uma época em que a razão é mais valorizada que a intuição e os sentimentos, acreditar em anjos parece coisa de criança. Seria mais ou menos a mesma coisa que acreditar em Papai Noel. Certo? Errado.

Eu tenho certeza que anjos existem. Já cruzei com vários deles pela vida. Eles já me apareceram de diversas formas: como mulheres, homens, crianças, idosos. Ao vivo, por carta, por telefone. Ultimamente, de acordo com os novos tempos, eles têm me encontrado pela internet. Claro, os anjos, como todos nós, têm que se adaptar às novas tecnologias. Só uma coisa não muda: a sua habilidade de aparecer sempre nas horas em que mais precisamos deles.

Toda vez que me sinto sem esperança, profundamente triste, eles aparecem para dar alento, para me confortar, para me mostrar que a vida vale a pena ser vivida, apesar de toda a dor, de todo o sofrimento, de todas as dificuldades. Que sempre há uma saída. E que, mesmo machucada, os meus atos, as minhas palavras, os meus sentimentos têm valor para as pessoas que eu amo e que me amam. E também para muitas que nem sabem da minha existência ou de quem eu não sei, mas a quem posso ajudar, mesmo à distância, mesmo sem querer.

Ontem foi um dia desses. Triste, infeliz, cheio de recordações dolorosas. Mas, como de costume, anjos me apareceram pela internet e me trouxeram de volta à luz. Dessa vez foram dois. Com seu carinho, com sua lucidez, me fizeram um bem enorme. É, eles não dormem no ponto mesmo. Ainda bem. Sorte minha, que consigo reconhecê-los na multidão.

Obrigada, meus anjos. Obrigada por cuidarem tão bem de mim. Obrigada por não me faltarem nunca.

domingo, 2 de julho de 2006

A falta que a humildade faz...

Ontem, assistindo ao jogo de Portugal e depois do Brasil, ficou claro para mim quais foram as questões fundamentais que levaram à vitória do mais fraco e à derrota do mais forte: humildade e motivação. Tudo bem, sou suspeita, tenho sangue 100% português, mas minha alma é 90% brasileira. Por isso acho que posso falar.

Portugal manteve a postura humilde de quem sabe que seu futebol não é dos melhores, mas lutou cada segundo pela vitória, foi atrás do prejuízo, correu, bateu quando necessário (embora muita gente critique isso), ficou na retranca quando devia. E ganhou. E por mérito também de Filipão, que soube motivar como ninguém seus jogadores a buscar a superação. O goleiro Ricardo é o maior exemplo. O país inteiro queria outro, mas Filipão acreditou nele, não se dobrou às críticas, nem às estrelas do time (Figo que o diga). E ele respondeu. O maior responsável pela classificação portuguesa foi Ricardo, que segurou tudo durante o jogo e nos pênaltis. Grande Ricardo!

Assim é a vida. Mesmo quando nem mesmo nós acreditamos que podemos ou merecemos, se alguém aposta em nós, enxerga em nós qualidades que não vemos, vamos à luta. Superamos a insegurança. Já passei por isso, sei quanto valem essas figuras que levam a gente adiante. Podem criticar quanto quiserem (e eu já o critiquei muito também!), mas Filipão entende das coisas e de motivação.

O Brasil, ao contrário, ficou de salto alto. Arvorou-se no seu passado brilhante para menosprezar as evidências de que seus craques não estavam na melhor forma. De que era melhor investir nos meninos que estão jogando um bolão nos campos europeus, do que nos antigos que já não rendem tanto (ou alguém tem coragem de dizer ainda que Cafu, Émerson e Adriano mereciam ser titulares?). E de que os que ainda rendem, como Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e Roberto Carlos, precisavam de uma dura para jogar o que sabem.

Humildade, meus amigos. Ninguém sabe tudo, ninguém é tão bom que não precise olhar com franqueza para si mesmo e saber quando é hora de pedir para sair, para dar lugar a quem pode fazer mais pelo time. Aliás, equipe é uma palavra que o Brasil esqueceu. O que valeu na Copa foi a individualidade de cada um, não o que era melhor para a equipe.

Que pena, Brasil. Parabéns, Portugal. Que a garra e a determinação lusas continuem fazendo bonito, mesmo que ainda falte futebol. Vocês sabem, melhor que ninguém, que navegar é preciso, sempre!