domingo, 2 de julho de 2006

A falta que a humildade faz...

Ontem, assistindo ao jogo de Portugal e depois do Brasil, ficou claro para mim quais foram as questões fundamentais que levaram à vitória do mais fraco e à derrota do mais forte: humildade e motivação. Tudo bem, sou suspeita, tenho sangue 100% português, mas minha alma é 90% brasileira. Por isso acho que posso falar.

Portugal manteve a postura humilde de quem sabe que seu futebol não é dos melhores, mas lutou cada segundo pela vitória, foi atrás do prejuízo, correu, bateu quando necessário (embora muita gente critique isso), ficou na retranca quando devia. E ganhou. E por mérito também de Filipão, que soube motivar como ninguém seus jogadores a buscar a superação. O goleiro Ricardo é o maior exemplo. O país inteiro queria outro, mas Filipão acreditou nele, não se dobrou às críticas, nem às estrelas do time (Figo que o diga). E ele respondeu. O maior responsável pela classificação portuguesa foi Ricardo, que segurou tudo durante o jogo e nos pênaltis. Grande Ricardo!

Assim é a vida. Mesmo quando nem mesmo nós acreditamos que podemos ou merecemos, se alguém aposta em nós, enxerga em nós qualidades que não vemos, vamos à luta. Superamos a insegurança. Já passei por isso, sei quanto valem essas figuras que levam a gente adiante. Podem criticar quanto quiserem (e eu já o critiquei muito também!), mas Filipão entende das coisas e de motivação.

O Brasil, ao contrário, ficou de salto alto. Arvorou-se no seu passado brilhante para menosprezar as evidências de que seus craques não estavam na melhor forma. De que era melhor investir nos meninos que estão jogando um bolão nos campos europeus, do que nos antigos que já não rendem tanto (ou alguém tem coragem de dizer ainda que Cafu, Émerson e Adriano mereciam ser titulares?). E de que os que ainda rendem, como Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e Roberto Carlos, precisavam de uma dura para jogar o que sabem.

Humildade, meus amigos. Ninguém sabe tudo, ninguém é tão bom que não precise olhar com franqueza para si mesmo e saber quando é hora de pedir para sair, para dar lugar a quem pode fazer mais pelo time. Aliás, equipe é uma palavra que o Brasil esqueceu. O que valeu na Copa foi a individualidade de cada um, não o que era melhor para a equipe.

Que pena, Brasil. Parabéns, Portugal. Que a garra e a determinação lusas continuem fazendo bonito, mesmo que ainda falte futebol. Vocês sabem, melhor que ninguém, que navegar é preciso, sempre!

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