quarta-feira, 12 de julho de 2006

Um computador entre nós

Uma das grandes mudanças que a internet trouxe para nossas vidas foi o estabelecimento de relações virtuais, ou seja, intermediadas pelo computador. Hoje em dia usamos mais email, messenger, orkut e outros meios de comunicação via computador que o próprio telefone. Até com o celular muitas vezes preferimos mandar mensagens de texto do que falar ao vivo.

Por que isso acontece? Por que preferimos deixar os contatos mais pessoais de lado e colocamos tudo na rede? Provavelmente porque é mais fácil colocar as inibições de lado ou fingir coisas que não sentimos quando não há possibilidade de ver os olhos ou ouvir a voz do nosso interlocutor. O olhar e a voz traem sentimentos que o texto consegue esconder completamente. Ou seja, a internet nos oferece uma proteção contra nossos sentimentos verdadeiros que as relações olho-no-olho não permitem. Nem à pessoa mais falsa e mentirosa do mundo.

O orkut é um caso extremo. Não só há um computador entre as pessoas, mas também a possibilidade de tornar públicas coisas que deveriam ser particulares. Parece que os casais e os amigos preferem escrever ali tudo o que sentem, até detalhes íntimos, do que simplesmente ligar ou falar pessoalmente o que sentem. Será que precisam do aval público para tornar reais ou provar seus sentimentos? Será que dividir apenas com o amigo ou o amado não é suficiente para que a relação se sustente? Será que falta coragem para olhar nos olhos das pessoas de quem gostamos e simplesmente dizer o que achamos? Ou será que ali, naquele meio virtual, tudo o que se diz é menos real e menos comprometedor do que o que falamos cara a cara, por isso podemos ser piegas, sentimentais, ter atitudes que nos censuram na vida real?

Bom, o melhor seria escrever e dizer ao vivo, todos os dias, em todas as ocasiões, como as pessoas que amamos são importantes para nós. E mostrar cotidianamente por atitudes, por gestos, por olhares. Porque esses falam mais alto ao coração. E são, de fato, mais reais e verdadeiros.

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